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CATOLICISMO. ANÁLISE DO PANORAMA RELIGIOSO DO BRASIL

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    contatogilsonss
  • há 3 dias
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Atualizado: há 2 dias

Em Junho/2025, o IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, publicou os dados preliminares sobre as religiões, conforme o censo realizado em 2022. Envolveu a população brasileira com idade superior a 10 anos.

Indicadores das religiões no Brasil
Indicadores das religiões no Brasil

O Catolicismo confirmou sendo a maior religião do Brasil. Porém, confirmando a tendência já mostrada nos resultados dos censos anteriores, o Brasil é um país cada vez menos católico apostólico romano. Outras religiões como o protestantismo e as afro-brasileiras continuaram cada vez mais com maior participação. Confirmou-se também o crescimento das pessoas "sem religião".


Fé Curiosa apresentará sua análise sobre a tendência da religiosidade no Brasil, considerando os resultados apresentados pelo IBGE à toda população, apesar da questão da idade. Vamos lá:


1 - CATOLICISMO APOSTÓLICO ROMANO

O Brasil já foi um país totalmente católico. Aos poucos as demais religiões começaram a ganhar um espaço maior. No entanto, a partir dos anos 80, o percentual da população católica começou a cair significativamente. Vamos observar o gráfico:

Série Histórica - % da População Católica
Série Histórica - % da População Católica

No censo de 1980, cerca de 89% dos brasileiros eram católicos apostólicos romanos. Em 2022, somente 57%. Em números, a população do Brasil em 1980 era 121,2 milhões com 107,9 milhões de católicos. Em 2022, a população era 210,3 milhões com 119,9 milhões de católicos. Entre estes dois censos a população brasileira cresceu 89,1 milhões ou 73% e o número de católicos cresceu apenas 12 milhões ou 11,1%. O crescimento do número de católicos é proporcionalmente muito inferior ao aumento da população. Estamos ficando, cada vez mais, um país menos católico.


A tendência com base nos resultados dos censos dos últimos 40 anos é que, nos próximos 20 anos, o catolicismo poderá perder a primazia de ser a maior religião do povo brasileiro.


Pesquisas bibliográficas mostram autores que exprimem hipóteses para justificar as mudanças de religião no Brasil. Eles apontam os processos de conversão ou troca de religião, e o abondono religioso. Pode-se apontar alguns motivos que contribuíram para a queda do catolicismo. Entre eles:

  • Conversão religiosa. Conceituam-se dois tipos de conversão: a) vontade própria:, consciente e voluntária. Nasce um novo conjunto de hábitos morais e espirituais, e b) renúncia de si: conversão inconsciente e involuntária devido a exaustão emocional com a chegada de uma emoção superior. Pela queda apresentada ao longo do tempo, o catolicismo é a religião que provavelmente perdeu mais fiéis entre aqueles que se converteram;

  • Espiritualização. Opção por religiões mais espiritualizadas como o espiritismo, religiões orientais e afro-brasileiras;

  • "Religião própria", não católica, não protestante, não qualquer outra religião. Continua-se, no entanto, crendo em Deus, mas não aceitando os dogmas e costumes de uma religião;

  • Laicidade. A nova Constituição Brasileira, oficializou o Brasil como um país laico. O Brasil deixou de ser um país oficialmente católico, dando liberdade de escolha de cada indivíduo. Este fato acabou influenciando principalmente nos aspectos educacionais, tornando menor a divulgação do catolicismo.

2 - EVANGÉLICOS - PROTESTANTES, PENTECOSTAIS E NEO-PENTECOSTAIS

É a religião que mais vem crescendo no Brasil com significativos aumentos percentuais a partir dos anos 90.

Série Histórica - % da População Evangélica
Série Histórica - % da População Evangélica

No censo de 1991 os evangélicos representavam apenas 9,0% da população brasileira. Em 2022 o percentual subiu para 27,0%. Em números, em 1991 o Brasil tinha 13,7 milhões de evangélicos. Em 2022, possuía 56,8 milhões.


A principal justificativa para o expressivo aumento foi o grande investimento de diversas igrejas evangélicas na midia de televisão aberta. Além disso, os pastores evangélicos, em especial os das igrejas neopentecostais, utilizam uma comunicação aberta e atrativa ao público, oferecendo elementos que cativam grande parte da população. É muito comum a promoção de grandes eventos religiosos e shows musicais. Outro fato importante é a expansão através da abertura de novas pequenas igrejas evangélicas.


3 - ESPIRITISMO (KARDEXISMO)

É a religião que mais estabilidade apresentou na série histórica dos censos publicada pelo IBGE. Há de se ressaltar que nela, não estão incluídos os fiéis das religiões afro-brasileiras como o candomblé e a umbanda.


Série Histórica - % da População Espírita
Série Histórica - % da População Espírita

Apesar da pouca representatividade em percentual da população brasileira, o Brasil é considerado o país com o maior número de fiéis espiritas no mundo. Em 2022, os espíritas eram 1,8% da população brasileira, totalizando cerca de 3,8 milhões de fiéis.


4 - CANDOMBLÉ/UMBANDA

Entende-se que aqui estão enquadrados todos os fiéis das diversas religiões afro-brasileiras que floresceram na época colonial do Brasil, como o Candomblé, a Umbanda, Quimbanda, Batuque, Xangô, Tambor de Minas e outras de fundamentação religiosa africana.

Série Histórica - % da População Religiões Afro-brasileiras
Série Histórica - % da População Religiões Afro-brasileiras

O grande destaque destas religiões é o expressivo aumento percentual da população nos últimos 12 anos, passando de 0,3% em 2010, para 1,1% em 2022. Em números, em 2022 o Brasil possuía 2,3 milhões de fiéis.


5 - OUTRAS RELIGIÕES

Aqui se enquadram os fiéis de várias religiões que, sozinhas, possuem pouca representatividade percentual na população. As mais importantes são o Judaismo, o Islamismo, o Hinduísmo, o Budismo, o Xintoísmo, o Taoísmo e as novas religiões japonesas como a Messiânica, Seicho-No-Iê, Tenrikyo, Marikari e outras.

Série Histórica - % da População Outras Religiões
Série Histórica - % da População Outras Religiões

Sua representatividade em relação à população brasileira se manteve muito estável entre 1940 e 1970, pontuando 1,1%. A partir de 1970, observa-se uma tendência de constante aumento em especial nos últimos 12 anos passando de 2,9% em 2010 para 4,2% em 2022, totalizando cerca de 7,0 milhões de brasileiros.


5 - SEM RELIGIÃO

Atenção! Não são exclusivamente ateus. A grande maioria dos sem religião, conforme afirmam teólogos e sociólogos acreditam em Deus ou numa força maior, porém, não aderem aos dogmas e costumes de qualquer religião. São individualistas, ou pessoas ditas espiritualizadas. Possuem a própria religião. Normalmente, assimilam o que há de bom, segundo os seus critérios, de cada religião que conhecem, processo este chamado de bricolagem religiosa pelos especialistas.


Série Histórica - % da População Sem Religião
Série Histórica - % da População Sem Religião

É o terceiro maior grupo religioso do Brasil. E mais ainda, vêm crescendo de forma significativa desde 1970, chegando a 9,3% da população brasileira, ou 19,6 milhões de brasileiros.


ENFIM...

O Brasil vem sofrendo fortes mudanças no seu panorama religioso. Os números mostram que a Igreja Católica vem perdendo espaço na preferência da população, em função da existência e divulgação de outras opções. Sua envergadura de maior religião vem do caráter histórico que possui. Os evangélicos, de forma diferente, vêm conquistando cada vez mais fiéis, parecendo atender aos anseios de fé de muitos brasileiros. O mesmo se diz das religiões afro-brasileiras diante, conforme mostra o resultado obtido nos últimos 12 anos.


Quanto aos "sem religião", o elevado crescimento nos parece ser resultado de ações individuais daquelas pessoas descontentes, duvidosas ou decepcionadas com sua antiga religião.

Referências Bibliográficas

LOSCHI, MARÍLIA. IBGE. "Censo 2022: católicos seguem em queda; evangélicos e sem religião crescem no país", 2025

SANTOS, GILSON S. "Em busca da espiritualidade". Trabalho de Conclusão de Curso de Pós-Graduação em Teologia e História das Religiões, 2023, São Paulo.




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