AYAHUASCA: O Vinho da Alma e Suas Tradições
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- 6 de out.
- 3 min de leitura
Atualizado: 7 de out.
Pesquisa e autoria de Jhonata Javarini,
colaborador de Fé Curiosa.
Você conhece o "vinho da alma"? A Ayahuasca é uma bebida ancestral da Amazônia, criada pela combinação das plantas cipó Mariri e Chacrona. Essa união pode, por um curto período de tempo, induzir experiências visionárias e alterar a consciência.

O termo "Ayahuasca" vem do quéchua (língua indígena da América do Sul) e significa "Cipó dos espíritos", "cipó da pequena morte" ou "vinho da alma". É usada em diversos contextos culturais e espirituais indígenas, visando o autoconhecimento, a cura e conexão espiritual.
AYAHUASCA: O Vinho da Alma e Suas Tradições
A diversidade da Ayahuasca é vasta, com múltiplos nomes, técnicas de preparo e métodos de uso. Sua utilização é comum na Amazônia por povos indígenas e em países como Peru, Equador, Colômbia, Bolívia e Brasil. Estima-se que existam cerca de 160 povos indígenas ayahuasqueiros em função de suas línguas e culturas.

Os primeiros registros ocidentais foram feitos por missionários jesuítas em 1737. A suposição era que ela possibilitava “fazer adivinhações. No entanto, acredita-se que a população indígena a utiliza há aproximadamente cinco mil anos.
No Brasil, a Ayahuasca faz parte das doutrinas de três religiões: Santo Daime (fundado em 1930), a Barquinha (fundada em 1945) e a União do Vegetal (fundada em 1961). A legislação brasileira, pela Lei Nº 11.343 de 2006, autoriza o plantio de plantas para uso ritualístico e religioso. Além disso, uma resolução do CONAD de 2010 estabelece normas compatíveis com o uso religioso da Ayahuasca.
Em Marabá, Pará, há um espaço dedicado à prática xamânica com a Ayahuasca: o Céu Ayahuasca, conduzido por Kinhever Acácio (Kin) e Iara Domingues. No local, eles cultivam e colhem as plantas para produzir o chá de seus rituais, e também enviam a medicina para outras partes do Brasil. Seus trabalhos incluem a desintoxicação de dependentes químicos, utilizando o chá para auxiliar nesse processo.

Todos os trabalhos na casa são conduzidos com seriedade. Para cada nova pessoa buscando conexão com o Grande Espírito, é feita uma anamnese (entrevistas de busca dos sintomas iniciais). Para o consumo da bebida, orienta-se um preparo específico, incluindo restrições alimentares e sexuais. Kin, que confia e é um exemplo de transformação pela ayahuasca, explica que “a medicina é para todos, mas nem todos são para a medicina”.
O Neoxamanismo
Nos grandes centros urbanos, o neoxamanismo tem surgido como uma tentativa de recriar práticas tradicionais em contextos modernos. No entanto, é frequentemente alvo de críticas por promover um sincretismo superficial, misturando práticas espirituais distintas sem profundidade ou coerência, como ocorre em movimentos híbridos, a exemplo da Umbandaime (fusão da Umbanda com o Santo Daime). Além disso, observa-se uma forte comercialização da espiritualidade, na qual rituais e símbolos sagrados são transformados em serviços pagos, reduzindo tradições ancestrais a produtos de mercado. Outro aspecto preocupante é o fácil acesso a essas substâncias enteógenas, que muitas vezes são utilizadas por jovens em festas e contextos recreativos, distantes de seu propósito ritualístico original.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
https://ayahuasca-timeline.kahpi.net/ayahuasca-first-reports-jesuit-missionaries/?utm_source=chatgpt.com (“ayahuasca diabólica e missionários jesuítas em 1675)
https://www.scielo.br/j/hcsm/a/QtR4X4FzPQt96DyD3XvZv7B/?format=html&lang=pt (Relatos de exploradores e viajantes e primeiras pesquisas científicas com a ayahuasca)
https://journals.openedition.org/horizontes/2277?lang=pt&utm_source (Xamanismo e neoxamanismo no circuito do consumo ritual das medicinas das florestas)






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