A pré-história é determinada pelo tempo que passou desde o aparecimento do primeiro ser com postura ereta, até o surgimento da escrita (início da história). Por incrível que pareça, arqueólogos e antropólogos mostra-nos que desde cerca de 35 mil anos antes de Cristo, os primeiros humanos já possuiam contato com o sagrado. Como eram esses contatos? Que costumes eles tinham? Existiam ritos? Acreditavam em algo sagrado?
Para uma melhor localização no tempo, faz-se necessário situar os períodos históricos. O período PALEOLÍTICO ocorre até 10.000 a.C. Se divide em PALEOLÍTICO INFERIOR até 30.000 a.C e PALEOLÍTICO SUPERIOR entre 30.000 e 10.000 a.C. A seguir, vem o período NEOLÍTICO, entre 10.000 e 2.200 a.C.
No período PALEOLÍTICO INFERIOR há o surgimento dos hominídeos. A antropologia nos mostra que o período PALEOLÍTICO SUPERIOR é marcado por grande evolução na inteligência humana, justificada pela fusão das bases da inteligência técnica, social e naturalista que, até então, funcionavam como elementos independentes. Isso proporcionou ao homem uma grande transformação no ambiente em que ele estava inserido permitindo que ele tivesse fluidez cognitiva e compreensão simbólica. Ocorre assim, as primeiras manifestações de respeito ao SAGRADO.
Nas sociedades arcáicas há a compreensão de que a tendência era se viver o mais próximo possível dos elementos e objetos SAGRADOS, tendo em vista a hipótese de que o SAGRADO significava PODER.
Atividades religiosas na Pré-História.
A ARTE RUPESTRE se apresenta como um primeiro elemento que associa a vida dos homens pré-históricos à crenças extra-humanas. O homem já possuia consciência e inteligência para escolher as imagens que pintava nas paredes rochosas. Antropólogos avaliam os desenhos como uma inferência à existência de RITOS. Há a hipótese desses ritos serem uma atividade tradicional para a sobrevivência dos grupos, pois, sem a presença dos desenhos não haveria uma boa caça ou a fertilidade. Outro fato que fortalece esta hipótese é que as pinturas sempre estavam em lugares altos, de difícil acesso, ou seja, lugares CONTEMPLATIVOS que permitisse visão geral por todos os demais espaços. Estes lugares podem ser associados como LUGARES SAGRADOS e foram encontrados sempre em montanhas, montes, serras, colinas ou morros.
A prática do SEPULTAMENTO naquela época já revelava uma preocupação com a VIDA APÓS A MORTE. Isto era evidente nos materias encontrados nos túmulos, entre eles TOTENS de animais, mulheres e muitas vezes adornos de contas ou marfim. Carcaças de animais também foram encontradas, relacionando o morto com o animal em questão. Tudo indica que o homem já utilizava uma forma de RITUAL para com seus mortos, mostrando um elo forte com eles.
Um outro fato que relaciona os homens pré-históricos à religiosidade são as estatuetas de mulheres achadas em muitos sítios arqueológicos da Europa. Estas estátuas têm o apelido de ESTATUETAS DE VÊNUS pois remetem à imagem da mulher e da fertilidade. Muitos as chamam de DEUSA-MÃE e associam a sua existência a uma espécie de CULTO PRÉ-HISTÓRICO, onde figuras e símbolos femininos ocupam posição central. As estatuetas são datadas tanto sendo geradas no período paleolítico quanto no neolítico.
A grande maioria das estatuetas encontradas são caracterizadas por terem grandes coxas, seios e vagina, e rostos sem traços. A mais antiga encontrada é a Vênus de Hole-Fiels datada com cerca de 35 a 40 mil anos. Várias outras foram encontradas como a Vênus de Laussel (França), Vênus de Savignano (Itália), Vênus de Von Gagarino (Ucrânia com 22.000 anos), Venus de Willendorf (Austria com 30.000 anos), e outras.
RELIGIOSIDADE NO PERÍODO NEOLÍTICO
No neolítico, as geleiras recuaram e o clima esquentou. O homem domesticou as plantas, criando a agricultura; domesticou os animais, criando a pecuária. Ocorreu o início do sedentarismo.
A religiosidade ficou associada às crises que prejudicavam a colheita e a criação dos animais, como as inundações e a seca. A MITOLOGIA e a CRENÇA NO SOBRENATURAL começaram a fazer parte da vida, de forma que surgiram os RITOS de pedidos e agradecimentos.
A mulher teve um papel de destaque neste cenário pois ela teve muita participação na domesticação das plantas, e ela também, conhecia o mistério da criação. Era fértil e fecunda como a terra, e foi responsável pela abundância das colheitas.
Em todos os sítios arqueológicos do neolítico observa-se aspectos religiosos centrados no CULTO À DEUSA.
A DEUSA-MÃE era representada em estátuas e desenhos de três formas: uma mulher jovem, uma mãe dando a luz a um filho ou a um touro, e uma mulher velha normalmente junto a uma ave de rapina.
Já, a partir daí, no desenvolvimento das civilizações antigas, o totenismo e a mitologia passam a vigorar como religiões.
Como a fé é curiosa!
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