Os primeiros filósofos da humanidade buscavam explicar a origem da Terra, do mar, do céu ,da vida e dos astros celestes, não usando mitos ou lendas. A humanidade estava começando a abandonar a crença em deuses.
Anaximandro de Mileto (610 – 546 a.C) criou um extraordinário sistema de ideias, documentado pelo dramaturgo grego Aristófanes (448 – 380 a.c), permitindo hoje nossa apreciação e admiração.
Anaximandro foi discípulo de Tales de Mileto, 14 ou 24 anos mais jovem. Foi político, professor, administrador e construtor de relógios solares. Há quem diga que foi ele o inventor dos relógios solares (gnomons). É uma teoria discutível. Mas, com certeza, ele introduziu o uso dos gnomons na Grécia.
Como objetivo, todos os primeiros filósofos da humanidade (conhecidos como pré-socráticos), tinham de definir qual era o elemento essencial que formava a matéria. Tales, defendia a ÁGUA. Anaxímenes, o AR. Pitágoras, os NÚMEROS. Heráclito, o FOGO. Parmênides, o SER. Empédocles, o FOGO, TERRA, ÁGUA E AR. Demócrito: o ÁTOMO. Coisa louca né! Esse elemento era chamado de ARCHÉ.
Para Anaximandro, o elemento primordial era o ÁPEIRON. Se avaliarmos a palavra ÁPEIRON, temos: A – um prefixo de negação, e PÁRA – limite ou borda em grego. Assim, ÁPEIRON = Sem limite, sem borda, infinito. ÁPEIRON é uma substância etérea, não visível, infinita e indeterminada. Bem difícil de imaginar. Porém, era assim que Anaximandro, sem nenhum recurso tecnológico, pensava.
Como Anaximandro propôs a criação da Terra?
Para ele, nosso planeta era um cilindro cujo diâmetro era 3 vezes o tamanho da altura.
Imagine o ÁPEIRON como um ovo. Ele supôs que elementos contrários como QUENTE e FRIO e também SECO e ÚMIDO estivessem dentro do ovo e, pelo movimento eterno que tinha dentro dele, os elementos contrários começaram a se separar. Primeiro separaram-se o QUENTE e o FRIO. E depois, o SECO e o ÚMIDO.
Separados, cada um dos elementos se entregou a uma guerra perpétua contra seu opositor. Ora vence um, ora vence outro. Ora vence o QUENTE, ora vence o FRIO. Ora vence o SECO, ora vence o ÚMIDO.
Esta era a explicação para os dias quentes e dias frios, dias secos e dias chuvosos, dias sem nuvens e dias nublados, dias com ventos fortes e dias calmos.
Observe o desenho a seguir:
Reproduzindo as palavras de Aristófanes, entenderemos o processo de formação imaginado por Anaximandro: “A medida que o cerne frio se diferencia ainda mais, o segundo par de contrários prioritários, o Úmido e o Seco, torna-se distinto. A massa aquosa da Terra é parcialmente seca pelo fogo celeste. A terra seca diferencia-se da água e os mares reduzem-se aos próprios espaços. Nesta altura, o Quente, já diferenciado em fogo, serve de agente causador, evaporando parte da umidade e secando a terra. E assim, finalmente, os quatro elementos vêm a ocupar os lugares que lhe competem. A fase seguinte, é a formação dos corpos celestes.”
Um pouco mais sobre Anaximandro de Mileto
Fez a previsão de um terremoto. Cícero (filósofo) registrou que Anaximandro visitando Lacedemonia aconselhou o exército espartano a abandonar a cidade. A cidade inteira foi destruída. Sua previsão deve ter acontecido pela experiência que tinha a respeito do assunto, em vista de Mileto (sua cidade Natal) estar dentro de uma zona císmica.
Construiu um mapa da Terra habitada, aperfeiçoado posteriormente por Hecateo de Mileto. Em seu mapa mundi, Ásia e Europa tinham segmentos praticamente iguais e todo ele rodeado pelo oceano. Ele se baseou em notícias de navegantes que eram abundantes em Mileto.
Fico devendo um post explicando a forma inusitada que ele supôs para justificar o Sol, a Lua e as estrelas.
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